sábado, 10 de maio de 2014

O orgulho dentro de mim

Sou orgulhoso. Acho que todo mundo é. Mas algumas pessoas iluminadas conseguem esconder ou controlar o orgulho. Outros não.

Tem aquele orgulho bom, né? Quando a gente faz um trabalho que gera um resultado bom, por exemplo. Quanto orgulho, quanta satisfação! Algumas vezes, eu fico impressionado comigo mesmo.

Mas não quero falar desse orgulho enquanto sentimento de satisfação ou de reconhecimento. Falo daquele que está ligado a sentimentos menos nobres, ligados ao ego ferido, relacionado a incapacidade das pessoas reconhecer seus erros e voltar atrás. Ah, confesso que tenho isso.

Tive alguns relacionamentos (dois ou três ao longo de meus vinte e sete anos de vida!) que o orgulho falou mais forte do que o afeto que eu nutria. Eu sabia que poderia existir a possibilidade de reatar a relação, mas não quis. Por quê? Puro orgulho.

Voltar atrás não é muito meu forte.

Decisões importantes eu tomei. Algumas me arrependi amargamente. Noites seguidas rolei na cama, lágrimas caíram, mas jamais fui capaz de reconhecer que eu seria capaz de rever alguma decisão tomada, mesmo sabendo que isso evitaria sofrimentos inúteis no futuro.


Mas a gente aprende com o tempo. Gosto daquele lugar comum que diz que a melhor aprendizagem ocorre na escola da vida. Então, tentei rever algo que fiz dias atrás com a cabeça quente. Não sei se vai dá certo. Mas um efeito positivo já gerou em mim: resisti a esse orgulho mesquinho que habita em meu interior, reconheci um erro e voltei atrás. E hoje já sou outra pessoa. Menos orgulhosa. Isso faz toda a diferença. 

sexta-feira, 2 de maio de 2014

Pai comprou bolachas recheadas

Pai comprou bolachas recheadas. Fazia tempos que, nas compras do mês no supermercado, ele não comprava. Fiquei surpreso quando mãe disse que ele tinha feito isso. Um milagre.

Amo bolachas recheadas. Ou biscoitos recheados como diz na embalagem. Tanto faz. Desde pequeno que sou doido por esse tipo de comida que faz tanto mal a saúde, mas é tão bom pro paladar.

Dias atrás, durante a noite, bateu a vontade de comer biscoitos recheados. Eram nove horas da noite. Peguei a bicicleta. Fui até o outro lado da cidade. Lá tem uma padaria que fica, ou ficava, aberta até tarde. Fui todo animado. Até chuva peguei no meio do caminho. Mas chegando lá, para a tristeza geral da nação, a padaria estava fechada. Que raiva!

Essa vontade repentina que bateu, parecendo até desejo de mulher grávida, se deu em virtude de há alguns meses não ter comprado mais meus biscoitos recheados. Desde que pai cortara, há uns anos, a compra deles, eu é que tinha que desembolsar a aquisição de minhas biscoitos diletos.  Mas na busca para perder alguns quilos, acabei traindo essa relação de amor antiga.

No dia seguinte, fui no supermercado perto de casa e comprei três biscoitos de chocolates. Matei a vontade.

Quando criança eu ansiava pelas compras mensais porque sabia que, além dos gêneros alimentícios e outros produtos essenciais na vida doméstica, viria os biscoitos.

Hoje, depois de anos, quando cheguei na cozinha, mãe disse: teu pai comprou biscoitos recheados.

São 22:49. Acabo de comer uma bolacha recheada de morango. Voltei, por uns instantes, a ser o menino de 15 anos atrás. E torcendo para que próximo mês a boa nova se repita.

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