sexta-feira, 11 de novembro de 2016

A velha repetição

Comprei umas cervejas. Assei uns pedaços de peito de frango. Acessei o youtube. Um prato pronto para que minha memória afetiva pudesse ser acionada instantaneamente. Fazia tempo que ela estava adormecida, guardada, a meu ver, sepultada. Mas não. Ledo engano. A memória é viva, muito viva.

De acordo com as cervejas que eu estava tomando, vez ou outra petiscando, e com as músicas que estava ouvindo, sentimentos foram renascendo. Comecei a avaliar os últimos acontecimentos de minha vida. O ano de 2016 não foi um ano fácil. Carrego marcas na minha alma. Carrego feridas em meus sentimentos. Uma parte de mim foi embora (escrevo sobre isso depois).

Às vezes me pergunto se existem tantas pessoas que vivem amarradas pela linha tênue da memória. Converso com alguns amigos e amigas. Todos e todas parecem lidar muito bem com ela. Eu não consigo. Sabe aquela parada que o tempo faz esquecer? Comigo não funciona. O tempo, pelo contrário, amadurece as experiências, torna-as mais intensas.

Acho que preciso, aliás, acho não, tenho certeza que preciso faz algum tipo de tratamento psicológico. Ou psicanalítico. Muitas coisas em minha vida ficam presas a acontecimentos pretéritos. Isso, em vários momentos, já atrapalhou várias coisas, sabe? Até relacionamentos já perdi por continuar apegado a algo que já morreu, mas insiste em interferir na minha vida.

Penso em acender um cigarro, mas reflito que é melhor não. Nas últimas  vezes que fumei tive crise alérgica. Não posso mais contar com o cigarro, que era meu companheiro de sofrimento.  Ainda bem que o álcool não me prejudica, por enquanto.


Um amigo acabou de me chamar para ir a uma boate. Não tenho clima, respondo a ele. Talvez eu devesse ir. Mas prefiro ficar no meu apartamento, com a cerveja que resta, comendo os últimos pedaços de peito de frango, ouvindo mais músicas que são piores que flechas, porque elas atingem a minha alma.

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