sábado, 25 de setembro de 2010

Vento...



Ah, Vento, como é bom sentir o teu abraço...

Está em contato contigo e com a natureza revigora minhas forças... Exorciza meus demônios... Meus medos esvaecem... Minhas angústias e mágoas são suspensas...

Lá vai uma folha seca. Um dia ela foi verde, bem verde. Cumpriu sua função junta àquela árvore. Terminou seus dias. Teve que desligar-se de sua mãe. Caiu. Mas você, Vento, a levantou do chão, a fez subir novamente, talvez a última vez que está em acima das coisas terrenas, mas agora ela não ficará mais em um só local, verá a enorme quantidade de folhas existentes, bonitas, verdes, amarelas, roxas, mas que um dia terá o mesmo destino seu. Em breve ela deixará de ser folha. Sua decomposição, contudo, junto ao solo, fará nascerem outras folhas. Assim ela não morrerá. Viverá eternamente!

Ah Vento! Leva-me contigo. Preciso ver o que está além dos meus olhos podem ver... Preciso me desprender de meu mundo. Sinto-me saturado. Talvez meus dias, aqui, no mundo que vivo, tenham chegados ao término.

Necessito conhecer outros mundos. Outras pessoas. Talvez, seja preciso eu morrer para que eu possa renascer. Renascer das cinzas, como a Fênix da mitologia.

Leva-me Vento... Leva-me sem direção certa... Leva-me para um lugar em que posso ser eu mesmo, sem máscaras, sem disfarces...

domingo, 5 de setembro de 2010

Um colega quer morrer




Hoje no Orkut eu vi a resposta de um conhecido a um recado que eu enviei, sem querer, para todos do grupo de Alagoinha. Mas a resposta não tinha nenhuma ligação com o conteúdo enviado. Ele dizia assim: “Joel, to desesperado, depois que ... (sua esposa que não vou colocar o nome aqui) me deixou eu só penso em morrer”. Levei um choque. Eu não sabia que sua esposa o tinha deixado. Mas o pior era o desejo premente de morte que tomava conta dele. Fui até o seu perfil. Havia uma frase pedindo a morte também. Alguém respondeu dizendo que estava orando pra Deus não ouvir aquela blasfêmia.


Convivi durante um bom tempo com esse casal. Éramos evangélicos da mesma Igreja. Desde o começo do relacionamento de ambos, contudo, divergências e confusões faziam parte do cotidiano deles. Já presenciei várias vezes cenas nada agradáveis. Chocantes. Tiveram uma filha. Como o mercado de trabalho em Alagoinha, como na maioria das cidades interioranas do Brasil, é escasso, eles foram para o Rio de Janeiro. A última vez que me comuniquei com o esposo foi respondendo um recado no Orkut. Ele falava que Deus me amava, que não entendia o motivo de, conhecendo a verdade, eu ter deixado a verdade e ido pro erro. Ou seja, eu ter deixado a Igreja Evangélica e ter ido fazer parte da Igreja Católica. Eu disse que estava feliz e pronto. É o que sempre respondo quando as pessoas protestantes vem questionar minha conversão ao catolicismo. Mas não quero falar sobre religião agora.


Voltando ao assunto. Já escrevei, repetidas vezes aqui, sobre amor, sobre relacionamento, sobre minhas experiências, sobre experiências de amigos, filmes e músicas com temática afetiva. Mas, é o assunto que discorro com mais facilidade. Talvez porque eu seja um eterno apaixonado, ainda que ferido por dentro, mas nunca perco a esperança e a crença no amor. Conversei recentemente com um amigo pelo Facebook e eu lhe disse que estava com algumas feridas para serem cicatrizadas, mas estava bem, uma vez que a experiência da dor é inerente a vida humana. Na experiência da dor podemos ter duas reações a ela. Podemos deixar que ela nos domine e desistir de tudo, preferindo o caminho fácil, mas sem volta, da morte. Podemos também enfrentá-la de frente, resistindo, ainda que ela seja lancinante na alma, mas depois de tudo consumado a alegria surge varrendo toda a experiência anterior.


Meu colega prefere responder a experiência dolorosa do fim de sua relação, que desde o começo foi fadada ao fracasso, com a morte. Não respondi a ele falando de Deus, da Bíblia, que ia orar por ele ou coisas do tipo. Ele conhece essas coisas bem melhor do que eu. Fui um pouco seco, confesso. Eu disse a ele que não pensasse na morte, que ele levantasse a cabeça porque a vida segue em frente e que a vida é muito maior do que sua ex esposa.


Eu pensar em morrer, deixar de ter prazer em viver, perder a excitação pela existência só porque um relacionamento não deu certo? Nunca! Eu sei que dói um fim de namoro, noivado e mais ainda de um casamento. Eu ainda carrego estigmas em meu corpo. Mas a vida é cheia de possibilidades para todas as pessoas, e para um cara que deve ter mais ou menos vinte e cinco anos o leque de opções é muito amplo. Se eu pudesse eu diria isso a ele.


Tenho sempre conversado com um amigo sobre essas experiências de término de namoro. Temos muita coisa em comum. Atitudes diferentes diante do fim. Ele ficou um bom tempo cabisbaixo, sem querer comer, perdeu mais o brilho. Eu sinto as flechadas dentro do meu peito, mas não me curvo diante da tragédia. Tenho seguido em frente, mirado para o infinito, sempre acreditando que lá adiante está a concretização de meus sonhos. Algumas coisas não vislumbram. Ainda. Mas é nisso que reside o mistério da fé. Acreditar naquilo que não ver crendo que, brevemente, vai se realizar.


Duas escolhas diante da dor: morrer ou resistir! Resistir é mais difícil, exige muito, mas é a melhor opção. Só temos uma vida nessa terra. É preciso aproveitar, portanto, o máximo enquanto estamos nesse mundo.


Colega queria te dizer mais uma coisa: o fim pode ser um novo começo! Pense nisso.

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