Escrevo este texto com atraso. Eu deveria ter feito isso sábado. Mas devido a minha tensão e envolvimento com a campanha eleitoral e com as comemorações posteriores, não fiz. Mas, como diz um lugar-comum bastante conhecido de todos, nunca é tarde.
Eu tenho um grande amigo em Pirpirituba. Um irmão. Alguém que eu posso contar em vários momentos de minha vida. Temos vários aspectos comuns em nossas personalidades. Como eu estava bastante apreensivo e ansioso com as eleições de domingo passado, eu decidi ir para a cidade dele, conversar um pouco, beber algo, quebrar um pouco a minha rotina.
Assim que saí de lá, percebi que eu tinha feito à coisa certa. Eu estava feliz. Menos tenso. Mais esperançoso com a vida. Com a certeza de que são os amigos que ajudam a trazer beleza e poesia a nossa vida. Uma vida tão aquém daquela ideal, para pessoas sonhadoras como eu, mas que sem as amizades ela seria mais triste, como uma flor murcha, como uma árvore morta.
Fomos a um barzinho bem legal. Um outro amigo comum estava conosco, uma vez que eu o tinha encontrado, por acaso, na rodoviária de Guarabira. Depois ele foi embora. Ficamos sozinhos. Entre uma cerveja e outra, colocamos os papos em dia. Expusemos umas mágoas guardadas por outras pessoas. Conversamos sobre política, sobre a vida, sobre a família, sobre planos futuros, sobre o amor. O amor nunca sai de minhas conversas, de meus textos, de minhas músicas e nem de meus livros. Está sempre presente em minha vida. Quando penso que ele se foi, de repente ele bate na porta do meu coração e de meu pensamento, me fazendo crer que minha identidade está relacionada a ele.
Mas voltando ao assunto. Em seguida, fomos à casa de uma amiga dele, que conheci na Cidade da Luz, muito simpática, muito agradável, muito especial também. Lá fui apresentado a mãe e a avó dela. Confesso que me senti meio por fora, estranho. Mas logo que começamos a conversar, não só me senti como se estivesse entre familiares, como rememorei lembranças de minha infância, sonhos e desejos de menino, gostos e sabores tão distantes voltaram naquela tarde inesquecível.
A vida no campo foi algo que uniu nossas almas. Aquelas duas senhoras conversavam sobre experiências vividas durante o tempo que moraram na zona rural. Experiências que eu, apesar de sempre ter morado na cidade, compartilhei durante meus fins de semana e férias no sítio de meus avôs paternos.
Percebi um saudosismo por parte delas. Senti a mesma coisa também. Eu sempre comento sobre minha infância. Tempo bom. Eu era feliz e não sabia. Não tinha as preocupações que tenho hoje. Tirar notas boas na escola e passar de ano, somente essas duas coisas eram as minhas obrigações. Eu brincava muito nos quintais e becos dos vizinhos. Quando ia para o sítio, subia nas mangueiras, nos cajueiros, nos pés de açafrão, seriguela. Adorava passear no roçado, sentir o cheio dos pés de milho e de feijão nascentes. Tomar banho de barragem era uma das melhores coisas que eu fazia lá. Comia os frutos e as raízes plantadas naquele pequeno paraíso. Dormia cedo. Não tinha energia elétrica. Acordava assim que o galo cantava. E todo o programa do dia anterior se repetia. Mas era tão bom...
O tempo foi pouco para ouvir e falar das vivências passadas. Eu queria passar um tempo maior. Contudo, a distância de minha cidade me fez sair mais cedo. Antes disso foi servido a mim e a meu amigo uma taça de vinho. Despedi-me feliz por ter conhecido aquelas duas senhoras.
Eu disse a meu amigo que estava muito feliz. Valeu a pena ter ido a Pirpirituba naquela tarde de sábado. Meu objetivo foi alcançado. Minhas expectativas foram superadas. Uma tarde tão singela me propiciou um dos melhores momentos de minha vida. Renovou em mim a certeza de que para sermos felizes não é necessária muita coisa, muita badalação, muita novidade. Para ser feliz bastar curtir, com pessoas amigas e amorosas, as coisas simples da vida. Lembrei de Era Uma Vez, uma novela que passou quando eu era pirralho. A música de abertura dizia:
Pra gente ser feliz
Tem que cultivar
As nossas amizades
Os amigos de verdade
Pra gente ser feliz
Tem que mergulhar
Na própria fantasia
Na nossa liberdade
O milagre da existência ocorre cotidianamente. Muitas vezes não percebemos isso. Contudo, como diz Paulo Coelho, “As coisas simples são as mais extraordinárias, e só um sábio consegue vê-las”. Não sou sábio mas, às vezes, consigo captar alguns instantes divinos que a vida propicia.
Não é a toa que coloquei seu blog como leitura recomendada no meu blog para que meus ex e futuros alunos possam ler suas palavras. Continuo dizendo que suas postagens, assim como as de Yvanna (só que em outro estilo) estão ficando melhores e por isso sempre acompanho.
ResponderExcluirAgora só tenho uma observação: "Experiências que eu, apesar de sempre ter morado na cidade..."
Joel, peraí né? Eu morei em Alagoinha por mais de 13 anos. Eu sei que essa cidade para um sítio não tem muita diferença. Então, sem essa de garoto metropolitano...
kkkkk Brincadeira. Gosto muito de Alagoinha, e não sei porque, lendo esse post, me deu uma saudade daí...
Vou voltar aí assim que puder.
Vou parar por aqui senão esse comentário vai ficar maior que sua postagem.
:)
Valeu
Parabéns pelo blog... sucesso
ResponderExcluirÉ muito gratificante ver isso aqui, adorei de fé e vontade, me passou uma energia positiva muito grande, mefez sentir quando era criança também, me deu saudades, uma saudades boa, é muito bom quando se escreve passar sentimentos tão belos como esse, "saudade infantil."
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