Parei...
Preciso de silêncio.
Lá fora muitas vozes, muitos sons, muito ruído.
Esses sons tiram a minha paz.
Tira-me de mim.
Preciso me encontrar.
Encontrar o Eu tão sufocado pelos discursos.
Discursos propalados nos púlpitos, na mídia, na escola, no lar.
Discursos que sufocam, ferem e matam.
Discursos que me impede de ouvir a voz do meu interior.
Aqui nesse quarto vou fazer a experiência do silêncio.
Nenhum ruído no exterior.
Tudo calmo.
Uma pausa no mundo dos sons.
Vou meditar.
Vou entrar em mim.
Vou entrar naqueles lugares escondidos que ninguém pode entrar.
Vejo o quão bagunçado se encontram esses lugares.
Mas no silêncio farei minha faxina.
De repente uma quebra.
O que é isso?
Paredões estrondam vozes ininteligíveis.
Não acredito.
Logo agora!!!
Só pode ser um sonho.
Ou melhor, um pesadelo.
De onde vem esse barulho todo?
A resposta me apavora.
Essas vozes dissonantes estavam guardadas dentro de mim.
Durante a limpeza, acabei arrombando o lacre da caixa de vozes.
Estavam todas lá.
As vozes dos discursos que tanto combato estavam dentro de mim.
Procurei o silêncio e encontrei mais barulho.
Esse barulho, contudo, começa a desaparecer.
Pouco a pouco retomo ao silêncio.
Só alguns ruídos restam.
Eles vão desaparecer.
E eu voltarei pro meu silêncio sagrado.
Voltarei pra o meu Eu.
E assim terei paz.
Oxalá!