Hoje ele confessou o que há um tempo tenho desconfiado. Mas eu merecia isso. Eu fiz isso antes. Fiz quando a gente tava ficando, quando a gente não considerava um namoro, quando a gente nem sabia o que a gente queria direito.
Aquela conversa, na pizzaria, no começo de abril, foi tensa. Resquício de quem vive apegado a um passado morto que insiste em ressuscitar sem querer sair do túmulo. Uma morte não finda. Uma vida sem vida.
Aquele fim de semana tinha sido tenso para mim. De repente eu soube que o outro, o ídolo, estaria nas redondezas. Tremi nas bases. Deixei de ir para lugares que eu achava que podia me esbarrar com ele. Tudo vão.
Saí na tarde de sábado para tentar espairecer. Foi pior. Deixei-me seduzir pelo álcool. Fui a lugares que nunca deveria ter conhecido. Fiz coisas que, sem dúvidas, se tivesse sóbrio jamais teria feito.
Encontrei duas ex - paixões. Tá vendo como esses mortos sempre me procuram? Fugi de um que estava distante, apareceram dois que estavam perto. Por que tem que ser assim? Talvez não tenha. Talvez eu goste desse sadomasoquismo amoroso.
Não aguentei muito naquele espaço. Minha vibe era outra. De repente todo mundo junto, acompanhado e eu naquela solidão provocada. Não aguentei e mandei um áudio no whatsapp para ele. Ele que tava numa história até legal comigo, apesar de complicada.
Eu queria está junto. Eu queria ter alguém para mim. Eu tinha alguém que era meu e não meu ao mesmo tempo. Desejo de posse. Ser proprietário. Algo tão egoísta, tão machista, tão andocentrico. Meus pecados. Confesso-os. Apesar de saber que não terei absolvição.
Na pizzaria o silêncio falava tão alto que explodia dentro de mim, dentro de nós dois. Revi os áudios enviados na noite anterior. Percebi que tinha extrapolado os limites. Rompemos ali. Um rompimento implícito.
A saudade explodiu dias depois. Não aguentei. Postei uma foto no instagram de uma frase escrita por ele e que tava colada no meu guarda-roupa. Teve o efeito que eu queria. O contato foi reatado.
Saímos várias vezes até eu conseguir aquilo que desejava. Algo oficial. O dia foi o dia dos namorados. Pobre de mim, sempre querendo posse, sempre pensando em comemorar esse dia com um garoto, sempre desejando satisfazer meus interesses egocêntricos.
Depois de enrolações eu consigo meu intento. Pensei que ia construir algo definitivo com ele. Mas depois daquele dia, que inclusive eu havia dado um presente sem receber nada em troca, só nos encontramos uma vez. Estranho, né?
O tinder, ah o tinder! Através desse aplicativo nos conhecemos. Eu sempre desconfiei de quem namora e usa ele. Quando um amigo virtual me mostrou uma combinação, eu estranhei e o ciúme começou a me corroer.
E nossas conversas rareavam no whatsapp. Às vezes eu ligava, mas ele tava jogando. Afinal, jogar é melhor do que falar com o namorado, né? Que saudade daqueles outros tempos que não vivi, quem eram ruins, mas que me deixam jogar a culpa dos meus fracassos nesses avanços tecnológicos tão distantes de minha adolescência numa cidade do interior paraibano.
Hoje não aguentei. Eu tava desconfiado de algo estranho. Puxei papo. Pouco a pouco ele se abre. Ainda receoso. Confessa o que perturbava meus pensamentos. Dia 12 oficializamos o namoro. Entre o dia dos namorados e ontem, 29 de junho, ele ficou com alguém.
Joga a culpa em mim. Diz que já fiz. E já fiz mesmo. E confessei antes que ele desconfiasse de algo. Mas naquele tempo nossa história tava truncada. Não quero me justificar, caramba! Mas, porra, podia ter ficado antes do dia 12, quando a gente tava retomando, nera?
Um baque. O mundo caiu. Meu egoísmo insiste em não compreender as justificativas. Ah, egoísmo, machismo, patriarcalismo, qualquer outro nome que venha tentar compreender o sentimento de posse roubada do outro, pode me descrever nesse momento.
Não sou santo. Nunca fui. Queria ser, mas não consigo. Mas macular um ninho que estava em formação é muito para meu sentimento. Escrever isso é exorcizar o mal que me habita.
29/06/2015
29/06/2015
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