quinta-feira, 25 de março de 2010

A morte de Rodrigo

A vida...


Ah vida! Não compreendo bem as tuas nuances. Confesso que te amo, mesmo que as dores que você traz muitas vezes sejam impossíveis de explicar, não consigo não te amar. Mas hoje...


Hoje você foi muito cruel. Foi covardia, chego a pensar. Por que você fez isso? Não vida, não encontro palavras que possam descrever meu estado de espírito, a dor que inflama a minha alma, a tristeza que inunda o meu ser.

O dia de hoje tinha tudo para ser normal. O professor de Sociologia e Antropologia não foi hoje. Mesmo assim, nada de anormal. Eu discuti com muitos colegas de classe defendendo minhas idéias a respeito à sexualidade. Confesso que não gostei muito, mas até aí, nada fora do comum, até porque alguns vieram falar comigo depois falando que foi brincadeira o que disseram. Fui comprar uma estante de ferro para colocar meus livros. Não é sempre que compro coisas móveis para o meu quarto, mas tudo isso era esperado. Assim que como era esperado, no sentido de que não foi algo absurdo, incomum, a falta do professor. Como era esperado que meus colegas de Direito, que são heteronormativos, falasse o que ouvi. Essas coisas eram esperadas. Mas...


Chegar a minha cidade, antes mesmo de descer do carro, e ver uma movimentação de pessoas assustadas, desesperadas, ávidas por informações de algo ainda não claro, não era esperado.


E não era mais esperado ainda o que ouvi das pessoas que estavam desde a parada de táxi até a praça principal de minha cidade, assustadas, falarem o que aconteceu. Não, Deus queira que tudo ocorra bem, que um milagre aconteça, era o que eu e as pessoas esperávamos. Isso era esperado. Mas nem sempre o que a gente espera acontece... Por que vida? Por quê?


Eu tava com um a estante desarmada nos braços, mas ainda assim consegui parar um instante e ouvir informações que todo mundo queria saber, que todo mundo torcia para não ser verdade.


Cheguei na minha casa. Não encontrei minha mãe. Ela estava na praça, junta com uma multidão de pessoas, querendo saber as informações difíceis de aceitar. Até ai, todo mundo esperava um milagre, a intervenção divina para aquele caso já dado como terminado, mas a fé busca um milagre. O esperado milagre não veio. Por quê? Ah, vida... Vida, vida, vida...


Rodrigou morreu. Estava no mercadinho do pai. Subiu para o andar de cima, que está sendo construído, para dizer ao pai que iria cortar o cabelo. O pai não estava mais. Quando ia descer, escorregou e chocou-se num fio de alta tensão. As pessoas que viram o acontecido já comentavam a respeito de sua morte. Mesmo assim, é próprio do ser humano esperar, em casos assim, uma solução impossível aos olhos humanos. A fé pode tudo, não é verdade? Mas...


Rodrigo não era meu amigo. Fui professor de História de Rafael, seu irmão, no 8º ano e um bimestre do 9º ano. Rafael é um cara que estimo muito. Bem agitado na escola, diferente do que me diziam a respeito de Rodrigo. Mas isso não me faz não gostar dele. Tive algumas aulas da crisma com Rodrigo. Mas ele se crismou antes. Observei muitas vezes, nas missas dominicais, ele, Rafael, seu Severino e dona Margarida, sentados no primeiro banco da Igreja. Uma família de fé católica considerável.


Rodrigo sempre me cumprimentava quando me via. Educado. Atencioso. Trabalhava no mercadinho do pai. As compras de minha casa são feitas lá. Meu pai gosta muito de seu Severino. Um empresário atencioso com seus clientes.


Um jovem de 16 anos que tinha tudo para ter um futuro brilhante, mas que teve seus sonhos e desejos interrompidos abruptamente pela vicissitude da vida.


Quem me conhece sabe que toda vez que morre uma pessoa jovem eu fico triste. Penso nos sonhos que ele ou ela teve e das oportunidades de realizar que não teve. Morrer um/uma jovem é uma coisa que não compreendo e que nunca vou compreender. O ser humano existe para viver planamente a existência e morrer quando o corpo físico não se adequar mais as situações terrenas. Por pior que seja o comportamento de um/uma jovem, é difícil aceitar quando ele/ela tem a linha da vida cortada. E quando morre um jovem, como Rodrigo, que todo mundo gostava, que todo mundo sabia que ia ser um cidadão honesto, trabalhador, de fé e que podia contribuir na construção de um mundo melhor, aceitar é quase impossível.


Chorei por Rodrigo. Perguntei-me e continuo a me perguntar: Por quê? Por que Rodrigo? Não encontrei resposta. Deus o chamou? Não acredito. Prefiro acreditar que foi um acidente a pensar que Deus tenha feito isso. Não. Pelo contrário, o projeto divino é de vida plena; Jesus veio para deixar esse projeto mais viável. Deus não interrompe a vida imatura de uma pessoa. Por quê?


Não sei mais o que dizer. Já rezei por Rodrigo. Mas vou rezar mais ainda pelo seu pai, sua mãe e seu irmão. Sei que Deus vai consolar essa dor inconsolável. Mas, ainda assim me pergunto: Por que Rodrigo morreu?

segunda-feira, 22 de março de 2010

Quem sou *

Eu vejo a vida melhor no futuro [...]

Eu vejo a vida mais clara e farta

Repleta de toda satisfação que se tem

Direito do firmamento ao chão. [...]

Eu vejo um novo começo de era, de gente fina

Elegante e sincera

Com habilidade para dizer mais sim do que não, não, não...

[...]

(Tempos Modernos, Lulu Santos)



Quem eu sou? Faz tempo que tento responder essa pergunta, mas não consigo. Crise de identidade? Talvez! Depois que tive contato com as teorias pós-modernas das identidades, nunca mais tive certeza de nada. Sou humano! Mas isso não basta para identificarem a minha pessoa. Sou sonhador, isso sintetiza a minha existência.

Até bem pouco tempo, mais ou menos cinco anos, eu tinha uma certeza concreta de quem eu era. Um jovem evangélico que ia ser missionário em algum lugar do continente africano, para “salvar” as pessoas “perdidas” que lá habitam. Meu objetivo no mundo era esse: ir pelo mundo levando a “salvação” (a salvação cristã).

Sempre tive desejo de ser político. Desde a minha infância sempre fui inclinado para a política. Lembro-me das vezes que assistia aos programas eleitorais e meu pai me pedia para desligar a televisão, uma vez que ele odiava política, partindo da premissa de que “todo político é ladrão”. Mas fui crescendo e o sonho de um dia chegar a um cargo executivo foi aumentando também.

Somente quando rompi com a Igreja Universal do Reino de Deus, em 2002, por motivos políticos, e passei a fazer parte da Igreja do Betel Brasileiro, descobri a aventura das missões. E a partir daí, mudei o desejo de ser político para ser missionário em lugares ermos da terra.

Fiz o vestibular para História, em 2004, com a intenção de conhecer o desenvolvimento da humanidade para poder usar esse conhecimento em meus futuros sermões. Naquele ano de campanha política, participei timidamente de todo o processo, já que minha vocação era outra. Assim eu pensava.

Quando ingressei na faculdade, em fevereiro de 2005, minhas certezas começaram a ser abaladas. Minhas verdades foram questionadas. Minhas identidades fragmentadas. Paulatinamente, a vivência acadêmica e o conhecimento foram respondendo a anseios que a religião protestante não conseguia, com todas as suas verdades, responder.

Livros, amigos, professores foram fundamentais para a minha metamorfose de um jovem evangélico radical, etnocêntrico para um jovem aberto e plural.

As leituras, os estudos abriram a minha mente. Passei a compreender que não existe uma cultura superior a outra, que não existe uma religião melhor ou outra pior, que não existe uma verdade absoluta, que não existe uma heterossexualidade natural e outras sexualidades desviantes e que por acreditarem nessas certezas, homens e mulheres promoveram, ao longo da História, guerras, ódios, preconceitos e discriminações.

Eu tinha que romper com a religião para poder viver de acordo com as idéias e correntes que me fizeram mudar a minha visão de mundo. Somente em 2008, consegui a força necessária para tanto. Tornei-me católico. Apesar de não concordar com muita coisa do que a cúpula da Igreja fala sobre a sexualidade e o corpo, encontrei nela um espaço democrático para expressar e discutir meus pensamentos.

Sou bastante plural. Inspiro-me na esquerda, porque não vejo corrente política mais democrática do que ela. Mas estou aberto a qualquer partido ou ideologia política que queira melhorar o mundo, seja de direita, centro ou de esquerda. Odeio todo tipo de sistema político autoritário e centralizador. Odeio toda forma de preconceito seja por cor, região, classe social e, sobretudo, de orientação sexual.

Sou cristão católico, porque tenho Cristo como salvador e como modelo para minha jornada terrena, mas não considero minha religião melhor do que a hinduísta, do que a umbanda ou qualquer outra existente na terra. Todas as religiões procuram aproximar as pessoas do sagrado, e a necessidade de transcendência é inerente a todos e todas, por isso se uma religião é capaz de alcançar esse objetivo ela, a meu ver, é válida.

Acredito que um outro mundo é possível. Um mundo de uma economia mais justa, mais solidária, de pessoas mais fraternas, de religiões mais tolerantes. Um mundo onde as pessoas sejam julgadas por suas capacidades e não por ser branca ou negra, rica ou pobre, heterossexual ou gay, católica ou muçulmana.

Fiz o vestibular de Direito porque acredito que muitas injustiças que fazem parte da sociedade tem a sua raiz na maneira como a lei é formulada, entendida e aplicada. Acredito que posso contribuir no sentido de fazer justiça e diminuir as desigualdades.

Por tudo isso, a única resposta que tenho, quando sou inquirido quem eu sou, é que eu sou, simplesmente, um sonhador. Mas não fico somente nos sonhos. Tenho buscado pôr em prática tudo aquilo que me move nessa vida.



* Texto elaborado para a disciplina Linguagem e Argumentação Jurídica do curso de Direito - Campus de Guarabira

terça-feira, 16 de março de 2010

Meteoro da paixão, Eu e a Outra Parte

Te dei o sol, te dei o mar
Pra ganhar seu coração
Você é raio de saudade
Meteoro da paixão
Explosão de sentimentos
Que eu não pude acreditar
Ah! Como é bom poder te amar

Ah, o amor! De novo ele vem em minha mente. De novo ele volta a ser assunto para uma postagem nesse blog, que quase ninguém ler, uma, duas ou três pessoas sempre me falam que leram algo que coloquei aqui. Mas escrevo como uma forma de exorcizar o que me perturba por dentro ou de exteriorizar o meu estado físico, religioso, social e, mormente, afetivo. Por isso, volto ao amor.

Meteoro da Paixão de Luan Santana é uma música que bombou. Em todas as rádios, em muitos celulares, nas festas, nos lábios das pessoas, essa música é tocada e cantada. Sua letra é bem interessante. Para quem está apaixonado ou amando ela é ideal para pensar na Outra Parte.

Depois que eu te conheci fui mais feliz / Você é exatamente o que eu sempre quis. Nossa, essa experiência me é familiar, rsrsr. Depois que conheci minha Outra Parte estou muito feliz, mais feliz do que nunca. Ela representa tudo o que desejei numa pessoa para um relacionamento: é bonita, inteligente, carismática, moderna, carinhosa, cheia de fé, tem um sabor delicioso, rsrsrs.

Eu não podia e nem quero desejar algo além dela. Ela me completa! Minha Outra Parte me faz ser mais humano, me faz ser mais Eu. Nada é mais chato quando um relacionamento rouba a identidade da pessoa, despersonaliza o sujeito, criando uma máscara para satisfazer o Outro. Um relacionamento, onde existe afeto de verdade, não é preciso que um deixe de Ser para agradar o Outro. Pelo contrário. Os dois devem se respeitar, aceitando as diferenças, cedendo no que for necessário, mas nunca deixar que sua identidade seja seqüestrada por quem quer que seja. Por isso me sinto feliz! Somos sujeitos de identidades distintas que se completam! Ela se encaixa perfeitamente em mim / O nosso quebra-cabeça teve fim.

Se for sonho não me acorde, é que sempre desejo! Mas não é sonho. Já tirei a prova de que é real essa experiência sublime que vivo. O sonho que tenho, que alimento, que desejo realizar é está ao lado de minha Outra Parte, em breve, viajando pelo mundo sem fronteiras, realizando todas as fantasias e desejos que temos e sermos felizes até que a morte nos separe ou como disse o velho poeta que seja infinito enquanto dure.

sábado, 13 de março de 2010

Ele no fim da tarde de sábado

Ele está angustiado.

Ligou a TV. Colocou Queer as Folk. Fazia tempo que tinha comprado, obviamente que na pirataria, a série, mas não tinha tido tempo de terminar a Quarta Temporada toda. Agora à tarde, depois de começar a ler A Cabana, e assim que o crepúsculo se iniciara, decidiu assiste a série.

Seus pensamentos, contudo, impedem sua concentração nos eventos vivenciados pelos personagens no último capítulo da Quarta Temporada. Cada paisagem, cada encontro, cada comemoração, cada paquera e beijo que são mostrados na tela, ele se imagina experimentando com a sua Outra Parte.
Está deitado no tapete da sala, muda de posição a todo instante, os dois travesseiros que estão sob sua cabeça não são capazes de facilitar a sua atenção no que vê na TV. Só pensa na sua Outra Parte. Ela está distante. Ele está incompleto.

É sábado. Agora a noite ele foi convidado para ir à casa de um amigo, que estuda em outra cidade e que só vê raramente, para comer uma pizza. Vai levar uma Coca-Cola como bebida. Ele prefere vinho, mas não vai ser possível beber hoje. Ainda que tenha esse programinha para esta noite, ele daria tudo para está com a sua Outra Parte.

O que será que Ela está fazendo agora? Pergunta-se. O que Ela fará hoje à noite? Com quem vai sair? Aonde deve ir? Será que vai ficar até tarde na rua ou dormir cedo? Essas interrogações lhe deixa mais angustiado. Sente uma ponta de ciúme. Sua Outra Parte está longe.

Ele pega o celular. Manda um SMS. Faz meia hora que, enquanto assisto uma série, meu pensamento é tomado por você. [...] EU TE AMO CADA VEZ MAIS. Não sei como explicar, mas sou LOUCO por VOCE! Essa é a mensagem que ele envia para o celular de sua Outra Parte.

Vai para o PC. Entra na Net na esperança Dela está on line. Entra primeiro no Orkut. Não está. Abre o MSN. Também não está. Ele fica triste. Mas acredita que, em breve, a vontade que está o consumindo por dentro, será realizada.

Prepara-se para sair de casa e tentar ocupar sua mente com as banalidades do cotidiano medíocre que vive.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Não digo coisa com coisa

São 14:52.
Já tentei escrever três vezes neste blog. Mas as idéias não estão em acordo.
Comecei a falar de amor. Deu errado.
Tentei falar sobre a vida. Deu errado.
Já teve dias que eu começava a escrever algo e em alguns segundos eu tinha um texto pronto, acabado e poético, até, rsrsrs.
Mas, hoje, devido ao clima quente, a tarde lerda, o ambiente sem graça, as conversas ao meu redor, as palavras fogem da minha mente.
Por isso, vou escrever o que vier a minha mente agora. Mas só vem coisas sobre a falta de idéia para escrever uma postagem aqui.
Do meu lado minha compaheira diz que foi numa loja da minha cidade e encontrou uma calça por R$ 200,00. Nooossa! É cara pra caramba! Nunca comprei uma calça com esse valor. Acho um exagero alguém que ganha um salário mínimo comprar uma calça desse valor.
O pior é que a Campanha da Fraternidade desse ano lasca o pau no consumismo exarcebado que é uma característica típica da sociedade hodierna. 
Pronto!, achei uma tema pra falar nessa postagem: a Campanha da Fraternidade Ecumênica. Contudo, não vai ficar legal eu começar a falar sobre a CFE 2010 no meio de um texto, né? Mas eu disse que vou falar sobre o que vier a minha cabeça e no momento tou pensando na Campanha da Fraternidade!
Aqui na minha paróquia quase ou nada tem sido falado sobre a CFE. Nem o hino oficial, até que é bonitinho, falo bonitinho no sentido carinhoso e não no sentido que o povo diz que  siginifica feio três vezes. 
Aliás, o povo fala cada coisa. 
Um dia desses, mais precisamente domingo, durante uma reunião de planejamento da Catequese da minha paróquia, enquanto a gente falava sobre a CFE, de repente surgiu uma discussão sobre ser pobre e tal. O povo tem um dizer que diz que pobre é o diabo ou dxabo, que são ricos pela graça de Deus e tal. Foi quando um camarada disse que era pobre e nem por isso era o demônio. Disse mais que se pobre fosse o demônio Jesus não tinha falado aos pobres, o evangelho não seria boa-nova aos pobres. Isso veio como uma iluminação na minha mente. Da próxima vez que um pobre dizer que pobre é diabo/dxabo, vou perguntar a quem foi que Jesus disse que o evangelho seria boa-nova, se aos diabo/dxabo ou aos pobres.
Oxe, fugi do que eu tava falando. Era sobre a música da CFE. Como eu dizia é bem bonitinha. Não decorei ainda. Nem vou colocar aqui nesta postagem. Até porque o tema desta postagem não é sobre a CFE, mas sobre o que vier na minha cabeça.
Já perdi o meado do texto.
Do meu lado minha companheira fala sobre compras novamente. Diz que algumas lojas caíram.
Ah, vou mudar de assunto. Já que falei acima da Catequese, tou conversando com uma amiga que conheci durante uma reunião diocesana da Catequese. Gosto tanto dela. Falo da minha amiga, mas gosto muito da Catequese também. A propósito,  a Catequese foi essencial para as mudanças que ocorreram na minha vida nos últimos tempos. Até minha vida afetiva foi afetada pelas pessoas que conheci durante os encontros da Catequese... O que vivo hoje está diretamente ligado ao encontro de Catequistas que houve no ano passado em Sante Fé...
Do meu lado minha companheira de trabalho fala sobre a mulher do segurança da prefeita.
Vou encerrar essa postagem tomando um copo com água.

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