domingo, 10 de junho de 2012

A máscara dele caiu...




Onze horas e trinta minutos da noite. Dia tranqüilo. Normal. Apenas a chuva, que veio em boa hora, tinha quebrado a rotina daquela terça.

Ele tenta se esconder. Tenta fugir. Tenta não parecer o que é. Uma máscara havia sido colocada, por ele mesmo, em seu rosto. Há tempos que precisava disso, pensa. Sente mais forte quando não demonstra suas fraquezas, seus sentimentos, quando não compartilha a dor e a ausência que dilacera a sua alma, frágil alma, cansada alma.

Mais uma experiência para sua coleção de fracassos e desilusões amorosas, ele pensa, durante a penumbra da noite. Apenas algumas luzes fracas de alguns postes de energia iluminam a cidade, iluminam a sua vida.

Uma leve chuva cai. De repente sente frio. Um pouco de frio. Mas, pior que aquela sensação causada pelo clima na cidade dele, é a frio que atormenta e faz tremer seu coração, ele reflete.

Acende um cigarro. Não é fumante diário. Em alguns momentos de forte pressão emocional, o cigarro serve para ele pensar e meditar, sobre determinada situação, enquanto fuma. É como um ritual. Pega a carteira amassada guardada na bolsa escolar, procura o velho isqueiro de mais de um ano, coloca uma música qualquer em seu celular, vai para varanda de sua casa e fuma. E pensa. Às vezes, algumas vezes, chora.

Um leve vento faz a chuva alcançar seu rosto. Por um instante quebra aquele ritual, aquela quase fuga da realidade, trazendo de volta ao mundo concreto. Ele fica desnorteado. Percebe que a letra da canção, tocada no seu celular, falar de amor existente, mas que é negado.

Passa a mão no rosto. Tira a água de sua fronte. Afasta-se um pouco da varanda para que a chuva não o molhe mais. O cigarro se apaga. Mas, de repente, uma lágrima verte de seus olhos. Começa a perceber que as lágrimas mancham a sua máscara. Ele não tenta ser forte e deixa se envolver por aquele momento. E chora copiosamente.

A máscara caiu. Alguns pedacinhos ficam pregados no seu rosto. Ele pega o que sobra e joga na chuva que tinha se intensificado. Nesse momento, se deixa envolver pela água que cai do céu. A água que cai de seus olhos continua. As duas se misturam. Uma veio para amenizar à seca que está em sua região. A outra veio para jogar fora todo o sentimento recolhido de seu coração.

Pouco tempo depois ele entrar para casa. Vai a seu quarto. Procura uma toalha. Enquanto se seca, percebe, diante do espelho, que seus olhos estão vermelhos. Fazia tempo que não chorava daquele jeito. Fazia tempo que não deixava transparecer seu afeto.

Lá a fora a chuva começa a parar. A terra, amanhã, ficará úmida. Lá dentro as suas lágrimas também cessaram. Sua alma, amanhã, estará mais tranquila. Deita-se na cama. Envolve-se com um grosso lençol. Adormece. Quando ele se acordar vai perceber a serenidade de seu rosto depois de ter libertado aqueles sentimentos reprimidos que guardava dentro si. Sem máscara. Sendo ele mesmo. E pronto para prosseguir na busca de sua felicidade.

Um comentário:

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