sábado, 24 de maio de 2008

Sobre escolhas


Chega um ponto na vida da gente que a gente tem que escolher. Ou a gente escolhe ou fica pra trás. A gente é obrigado a escolher. Mesmo que a gente não queira a gente acaba escolhendo. Escolhe não querer escolher. É uma escolha.

Na infância os adultos escolhem por nós. Nossos pais, tios, avós, professores, sempre sabem o que é melhor pra gente. A passividade é marcante nesse instante. Mesmo que a gente proteste chorando, se esperneando, gritando, nada fará mudar o que os outros decidem por nós, porque eles sabem de tudo, afinal.

Na adolescência, não obstante ser a fase rebelde, ainda somos decididos pelos outros em muitas coisas. A gente quer morar sozinho mas não dá. Nossos pais não deixam. Não temos emprego. Mas, começamos a escolher, por exemplo, nossos colegas. Aqueles que se parecem com o jeito da gente supera os que eram filhos de vizinhos ou de amigos dos pais da gente. Quem nasceu católico pode mudar de religião. Eu mudei. Quem nasceu evangélico se rebela contra os interditos da religião. Nessa fase a gente começa a aprender a escolher.

Quando a gente chega na juventude as escolhas são mais fortes. Temos o vestibular. Temos o emprego. O noivo, a noiva (ainda não namoro, contudo). A gente pode morar só. A gente percebe que algumas escolhas que fizemos na adolescência foram erradas. Como teria sido diferente se tivéssemos escutado o que a mãe e o pai da gente falava. Mas eram outros tempos. Ainda assim, temos a vida pela frente pra consertar os erros. Só que nesses momento as escolhas se tornam mais complicadas porque a gente sabe o que pode acontecer depois. Temos o medo de errar. O medo de não dá certo. Nos tornamos conservadores se comparados com a fase anterior. Somos responsáveis pelos nossos atos. Estou nessa fase. O medo tem sido estorvo para mim. Muitas escolhas peso muito antes de tomar; às vezes, até de forma exagerada. Mas escolho. Tenho que escolher. De um jeito ou de outro.

Como seria bom se a gente pudesse vê o futuro. Se a gente tivesse uma bola mágica e visse o que nossas escolhas vão ocasionar. Isso é, contudo, impossível. Vamos aprender com os erros. E isso é bom. Vamos quebar a cara muitas vezes, nos decepcionar, nos ferir... e tudo isso a gente vai fazer aos outros. A despeito de isso ser péssimo faz parte da aprendizagem. É errando que se aprende.

Eu escolho. Nós escolhemos. A gente tem que escolher. E a vida é feita de escolhas!

quarta-feira, 21 de maio de 2008

De novo ela


A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

Vinícius de Moraes

Volto a falar na solidão. Por quê? Estou só. Nada mais lógico.
Ela tem sido minha companheira mais leal. Nunca tem me deixado. Às vezes, estou com colegas e ainda assim continuo só. Estou na Igreja, em oração, e continuo só. Em casa com parentes, idem. E quando estou sozinho tenho relações com ela.

Ah!, solidão! Por que não me deixas?! O que tenho de especial? Por que só eu?

O texto de Vinícios de Moraes acima é bem parecido comigo. Não todo. Não me fechei do mundo. Não estou numa redoma em que me impossibilita ter/fazer amizades. Não deixo de ajudar a quem precisa se eu puder. Minha vida comunitária é boa, não me fecho da vida política, portanto.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se. Ai reside minha solidão. É o paraiso para ela. Tem tudo o que ela gosta. E é por isso que ela nunca me larga.

Tenho medo de amar. Por isso, talvez, nunca namorei. Você é um gatinho, já me disseram. No entanto, a timidez me impede de amar e ser amado. O medo de ser rejeitado. O medo de tomar a iniciativa. O medo de levar um fora. Tenho medo de ferir e de ser ferido.

Preciso me libertar desse medo. Se eu quiser, como quero, ter uma vida saudável tenho que lançar no lixo esse mal.

Precisa da Tua Ajuda Senhor!

domingo, 18 de maio de 2008

Adeus Zélia


Zélia Gattai morreu ontem. Estou de luto. As letras também estão. Nunca li nada dela. Do seu marido, Jorge Amado, li vários livros, ainda vou ler toda a sua obra. Ela foi uma peça fundamental na literatura amadiana, a meu ver, a melhor do "País do Carnaval".

O primeiro livro de Amado que li foi "Capitães da Areia". Foi em 2004. Era ano de vestibular, meu primeiro e até agora único vestibular. O livro junto com "São Bernardo" de Graciliano Ramos era leitura obrigatória. Li ele três vezes consecutivas. Em cada leitura me emocionava. Sonhava com um mundo melhor. Menos injusto. Mas igual. A vida daquelas crianças abandonadas me enchiam de heroismo. O livro de viés socialista me levou a acreditar na utopia de Marx. Depois li outros livros dele. Todos maravilhosos. Fascinantes.

Zélia morreu. Será cremada semelhante a o seu Amado. As cinzas serão jogadas na casa que viveu com Jorge amores, alegrias, tristezas... Assim é a vida. Assim é o amor. O doce e o amargo se misturam e deixam a existência mais fascinante.

Quando Jorge morreu eu era adolescente. Não tinha gosto pela leitura. E ainda, pela visão religiosa, via os livros de Jorge como livros de macumba. Depois que os li fiquei mais tolerante, aberto à diversidade cultural e religiosa de nosso Brasil. Vou ler agora Zélia. Na faculdade vou procurar livros seus. Quero me apaixonar por ela, assim como me apaixonei pelo seu esposo. Infelizmente depois de sua morte. Mas os ecritores nunca morrem. São eternizados em suas obras.

Adeus Zélia!

sábado, 17 de maio de 2008

Saudade



Saudade
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego-português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar".

Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e no Brasil colônia esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Provém do latim "solitáte", solidão.

Saudade é uma espécie de lembrança nostálgica, lembrança carinhosa de um bem especial que está ausente, acompanhado de um desejo de revê-lo ou possuí-lo. Uma única palavra para designar todas as mudanças desse sentimento é quase exclusividade do vocabulário da língua portuguesa em relação às línguas românicas; há mesmo um mito de que seja intraduzível. Porém, assim não acontece no que diz respeito à língua romena, em que existe a palavra "dor", correspondente semântico perfeito da "saudade" portuguesa (em romeno, a palavra portuguesa "dor" traduz-se por "durere"). Em galego existe a mesma palavra saudade, por vezes na variante soidade; os galegos também usam a palavra morriña ou morrinha com um significado parcialmente coincidente. Em crioulo cabo-verdiano existe a palavra sodade ou sodadi, directamente derivada da portuguesa saudade e com o mesmo significado.

Recentemente, uma pesquisa entre tradutores britânicos apontou a palavra "saudade" como a sétima palavra de mais difícil tradução[1].

Pode-se sentir saudade de muita coisa:

de alguém falecido.
de alguém que amamos e está longe ou ausente.
de um amigo querido.
de alguém ou algo que não vemos há imenso tempo.
de alguém que não conversamos há muito tempo.
de sítios (lugares).
de comida.
de situações.
de um amor


A expressão "matar a saudade" (ou "matar saudades") é usada para designar o desaparecimento (mesmo temporário) desse sentimento. É possível "matar a saudade", e. g., relembrando, vendo fotos ou vídeos antigos, conversando sobre o assunto, reencontrando a pessoa que estava longe etc. "Mandar saudades", por exemplo no sul de Portugal, significa o mesmo que mandar cumprimentos.

A saudade pode gerar sentimento de angústia, nostalgia e tristeza, e quando "matamos a saudade" geralmente sentimos alegria.

Em Portugal, o Fado está directamente associado com este sentimento. Do mesmo modo, a sodade cabo-verdiana está intimamente ligada ao género musical da morna.

fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki/Saudade

sábado, 10 de maio de 2008

Emprego novo

Mudanças

Muda o mundo
Mudam as coisas
As pessoas
Mudo eu
Às vezes , muda ...
Muda o verbo
O tempo
O modo
Mudam as indagações
As convicções
As indignações
Muda a confiança
A esperança
De mudar ...

(Mena Moreira, achei em http://sitedepoesias.com.br/poesias/6771)

Falo muito sobre mudanças, né? Perdi a conta das inúmeras vezes que postei algo nesse blog a propósito. A vida muda. Tudo muda.

Mas dessa vez não foi minhas idéias que mudaram. Elas continuam as mesmas que eu saiba. Não mudei de cursos. Ainda faço História e Espanhol. Não mudei de Igreja e/ou religião. Ainda permaneço na Igreja do Betel Brasileiro e, portanto, evangélico. Não mudei de estilo. Ainda não; falta grana, hehehe.

Mudei de trabalho. Uma mudança drástica. Desde o ano passado que tenho escrito nesse blog textos sobre meu dia-a-dia escolar. Fui até segunda-feira professor de História na principal escola estadual de minha cidade. Foram, portanto, 1 e três meses de experiência docente. Aprendi muito. Cresci muito nesse período. Houve momentos em que pensei em largar tudo e procurar outra profissão. Houveram outros, ainda, que eu me sentia totalmente realizado, feliz, útil.

No ano passado houve o concurso para a prefeitura de Guarabira, cidade onde nasci e estudo. Já falei sobre isso aqui. Fiz pra Auxiliar de Serviços Gerais. Passei. Por que não fiz pra outra coisa? Todos me perguntaram, me criticaram até. Ora, eu vi mais possibilidades de passar para esse cargo. Passei, enfim.

Espero desde o ano passado ser convacado para trabalhar. Fui a semana retrasada. Foi tudo tão rápido que quando me dei conta já estava trabalhando e tinha deixado a escola onde lecionava.

Desde quarta-feira que estou trabalhando em um escola. Claro que não é como professor. Mas um dia chego lá. No ano que vem termino meus estudos de História na UEPB. E, assim sendo, vou poder fazer concurso para professor. Até lá tenho que trabalhar com minha função. Para alguns é uma função humilhante. Não vejo assim. Todo trabalho é digno desde que seja feito honestamente.

Agora tenho a certeza que todo fim de mês vou receber um salário. Dessa forma, vou poder comprar meus livros, vou poder planejar umas coisas, já que meu outro trabalho era contrato, e contratado e nada...

Vou relatar ainda aqui, se Deuis quiser, minhas experiências nessa nova escola, nessa nova função, nessa nova cidade.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

1º de maio


1º de maio. Dia do trabalhador. Meu dia. Dia de milhões de pessoas que diariamente vão à luta para sobreviver, para ter o que comer, o que vestir (muitos ganham tão pouco que nem o que vestir conseguem com o salário recebido). Outros não precisam lutar tanto para ter um vida boa, mas são trabalhadores também. Faz parte da vida desigual que vivemos, fazer o quê? Lutar sempre.

Com a Revolução Industrial do século XVIII na Inglaterra, surge um novo personagem: o operário. Ele tem que se adaptar a uma nova realidade para a qual não estava preparado. Um novo ritmo temporal o esperava, muito diferente daquele que regia o campo. Mudanças profundas alteram as vidas dos ex-camponeses.

A vida nas fábricas não era fácil. Além das mudanças culturais de espaço, mentalidade, tempo e sociabilidade, ele tem que tabalhar em jornadas extenuantes, de 12 a 17 horas diárias, ganhando um mísero salário. Mulheres e crianças era mais explorados ainda. Há documentos que falam de várias mulheres, um dia após o parto, trabalhando nas fábricas com os seios escorrendo leite, deixando o filho em casa, com fome.

Ser operário nos séculos XVIII e XIX era ter a certeza de muito trabalho e pouca remuneração, muita exploração e pouco lazer, muitos deveres e nenhum direito.

Os trabalhadores, contudo, não vão aceitar essa condição passivamente. Vão organizar manifestações em busca de melhores condições de trabalho, melhores salários, educação para os filhos, direitos enfim.

E é nesse contexto que em 1º de maio de 1886, na cidade de Chicago, EUA, que vários trabalhadores vão organizar manifestações. O resultado foi a forte repressão policial com vários presos e oito deles enforcados.

Relembrar a luta operária na História nos faz ser mais solidários com todos e todas que ainda hoje são explorados no mundo inteiro. Ainda hoje, infelizmente, milhares de pessoas ganham muito pouco, outros recebem salários atrasados, outros nem emprego conseguem.

Temos o que comerar nesse dia? Acredito que sim. Comemorar as conquistas alcançadas pela classe trabalhadora. Ainda falta muita coisa, é verdade, mas muita coisa já foi conquistada através da luta.

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